[Cipriano Dourado]

[Cipriano Dourado]
[Plantadora de Arroz, 1954] [Cipriano Dourado (1921-1981)]

sábado, 10 de junho de 2017

[1609.] DICIONÁRIO DE HISTÓRIA DE PORTUGAL - O 25 DE ABRIL || VOLUME 2

* CONTINUA O MISTÉRIO DO ECLIPSE FEMININO NO 25 DE ABRIL, PERÍODO REVOLUCIONÁRIO E NA TRANSIÇÃO PARA A DEMOCRACIA *

[Livraria Figueirinhas || 2016]

O segundo volume deste Dicionário, contemplando a letra C de CABO-VERDE a COSTA (Vasco Fernando Leote de Almeida e), mantém velhos procedimentos de uma abordagem no masculino dos acontecimentos subsequentes ao 25 de Abril (rotulado, na contracapa, como "golpe militar") até 1976.

Exactamente num período histórico em que as Mulheres assumiram papel preponderante, mesmo que não institucionalizado, quase não há lugar para elas, com excepção das entradas biográficas dedicadas a Isabel do Carmo e a Natália Correia, havendo uma outra, temática, sobre a Comissão da Condição Feminina. Neste último caso, talvez tivesse valido a pena citar um ou outro estudo de Maria Regina Tavares da Silva, seguramente a estudiosa mais conhecida em Portugal e reconhecida internacionalmente, sobre a história da Comissão que ajudou a construir e a estabelecer bases duradouras.

Obra onde as elites, os governantes e os vencedores, à posteriori, da História ganham quase exclusiva notoriedade, reconstruindo-se, por vezes, a sua imagem, compete aos historiadores olhar para a sociedade no seu todo e estarem atentos aos que, tendo também tido a sua cota de participação, foram deixando de ter visibilidade pela historiografia dominante. Mas elas estiveram lá - em 1974, 1975 e 1976 - e, de certeza, mereceriam ter mais do que duas/três entradas neste segundo volume. Nem na Capa há lugar para um rosto feminino. Sequer um...

E, embora se afirme na contracapa, que "A obra que aqui se apresenta trata desse intenso processo histórico, marcado por vários momentos chave, e procura sistematizar, com rigor científico, informação sobre: instituições políticas, jurídicas, culturais, sociais e económicas; partidos políticos; biografias de personagens políticos, militares, culturais e religiosos; aspectos gerais sobre o Estado e as suas políticas públicas; os principais movimentos sociais, as ideologias, a economia e a inovação, a diversidade religiosa, a literatura e a arte", será que, afinal, o 25 de Abril fez desaparecer as Mulheres, já que elas raramente constam destes dois primeiros volumes?

Por vezes, é mesmo necessário reescrever uma História onde todos caibam e não apenas aqueles sobre quem recaem sempre os holofotes. 

Aguardemos, pois anda faltam seis volumes!

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